sexta-feira, 30 de abril de 2010

Polêmica

Hoje eu estava lendo sobre um dos temas mais polêmicos da humanidade atual: o aborto.

Aparentemente, o cerne da discussão gira em torno de se definir em que momento da gravidez o feto é considerado uma vida humana ou não. Digo vida humana, porque se formos defender o direito à vida, não podemos comer nem plantas. Há os que digam que a partir do momento em que houve fecundação, o feto já é um ser humano e, portanto, torna-se assassinato eliminá-lo. Há os que digam que isso só passar a ser assim a partir da 12a semana, quando os receptores neurais já estão mais desenvolvidos.

Sinceramente, andei lendo descrições do procedimento de aborto de bebês mais formados e fiquei um pouco horrorizada - a partir do momento em que se deve parti-lo antes de retirá-lo... já se torna demais para mim.

Mas essa sou eu. O que andei pensando é que o fato da discussão girar em torno disso talvez seja uma intelectualização absurda de algo que é muito mais inerente à natureza. E apesar de saber que há muitas mulheres contra o aborto, ainda acho que não deixa de ser uma discussão um tanto machista. Para mim, é essencial o sentimento da mulher nessa história. Sendo mulher, eu sinto que alguém que fosse forçada a gerar e criar um filho que ela não quis, é bem possível que rejeite a criança. Eu, pessoalmente, acho que não rejeitaria, mas consigo entender plenamente o sentimento, e nunca forçaria uma mulher a ter um filho.

Na natureza, os animais matam filhotes recém nascidos o tempo todo. E não são só os defeituosos - eles matam se há filhotes demais para o número de mamas, se a comida está escassa, ou por motivos que nem desconfiamos - simplesmente se deitam sobre a cria. As mulheres humanas praticam abortos aos milhares desde que existe tradição oral. Desde sempre existiram ervas, mandingas, procedimentos dos mais diversos. Desde sempre, as mulheres arriscam a própria vida para não gerar filhos.

Como é que você vira para alguém e diz - se vira, inche, engorde, tenha enjôos, sue, coma feito uma condenada, largue os estudos, saia do trabalho, desista dos seus planos dos próximos 5, 10, 20 anos, chore, se sinta mal, passe pela dor do parto, ganhe um bebê, tenha as dores da amamentação, arranje novas amigas, procure escola, pague a escola, dê vacinas... Esqueça a sua vida em prol dessa pequena célula que está aí dentro de você.

Lógico, você fez besteira, você que se vire - com isso eu concordo. Mas eu não vou nunca forçar ninguém a ter um filho. Por mais que a experiência seja maravilhosa, a dor de cabeça também é, e você tem que estar preparada para aceitá-la. É uma tarefa enorme, que vai durar o resto da sua vida.

Sem contar que o aborto é um problema de saúde pública. Hoje, a maior parte das organizações pró-aborto procuram reduzir os problemas que ocorrem devido a abortos ilegais e mail feitos, mais do que querem realmente defender a idéia de que um feto é ou não é um ser humano.

Hoje em dia, minha posição é essa: eu não recomendo o aborto, mas acho que a mãe deve decidir. Se eu tiver a oportunidade de argumentar com a pessoa, vou tentar convencê-la a manter o filho, mas obrigar, nunca.

Lógico - aqui no Brasil o aborto é ilegal. É crime, assassinato. São palavras fortes o suficiente para pesar na consciência de qualquer uma.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Ô, vida

Às vezes é complicada demais.

Hoje foi um dia interessante. Redescobri uns escritos de uma época antiga, 2003 para antes. Essa parte foi boa, me lembrou de paixonites antigas e outras não tão antigas, começo de namoro e até dúvidas da época. Me deixou com um gostinho bom de nostalgia na boca.

Conversei um pouco com a Má, ouvi uma música legal no YouTube, e decidi que ia ver Avatar, porque afinal deve ser a última semana em que isso está no cinema.

Essa foi a parte um pouco mais chata, a de decidir, porque eu ia ver com o Alex, mas nunca chegamos a ir. Tentei ligar pro Caio às 19h30, a sessão era às 20h40, e ele estava na aula. Fiquei de bode, quase desisti, mas peguei a bolsa para sair, na sala tive a idéia de avisar/convidar meu pai, e ele foi comigo.

Gostei do filme, lógico que adorei os animais, a ligação linda que eles fazem com as pessoas, fiquei um pouco chocada com o tanto de mortes, de ambos os lados. As mortes humanas ficaram um pouco desvalorizadas, para um povo que prezava tanto a vida.

Anyway. Boanoitetchau.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ser designer - parte II

Vou começar citando a Marina, porque ela escreveu uma coisa que venho sentindo desde que voltei pro mundo blog, e espelho completamente seus sentimentos:

"Hoje eu li o blog da minha irmã e resolvi deixar um comentário. É meio engraçado como mesmo que não nos encontremos ou conversemos tanto assim sinto que nós duas estamos sempre em sincronia. Vivemos coisas diferentes, tomamos decisões diferentes, mas eu quase sempre me identifico muito com o que ela pensa. É meio difícil isso de estar tão próxima de alguém que tem uma vida diferente. Acho que é difícil não querer às vezes estar na pele dela. É claro que sinto esse tipo de coisa em relação a todas as pessoas que admiro, mas é mais freqüente neste caso."

E vou continuar comentando no que ela disse no blog dela. Isso é pra Mali, para meus amigos designers ou arquitetos, para minha família, ou qualquer um que se interesse.

Sou péssima em projeto.

Sou mesmo. Eu me acho inteligente, tudo bem, e acho que consigo enxergar as coisas de pontos de vistas variados, gosto muito de pensar nos processos e nas pessoas, acabo fazendo projetos porque preciso (no escritório ou na vida). But I suck at it. Sou boa analista, consigo chegar em um programa razoável, consigo enxergar consistência ou não, posso pensar em dez formas diferentes de resolver um problema - mas não consigo sair de uma folha em branco sem me forçar às lágrimas. Quando começo, preciso criar umas 15 opções que são tudo - feias, desajeitadas, molengas, inadequadas, completamente erradas, sem graça, sem vida, parece a mesa de centro da bisavó, ou então é amalucado sem razão de ser, inconsistente. Preciso desenhar sem pensar (e aliás não desenho bem), e preciso olhar para os desenhos sem avaliar muito - ou acabo desistindo. Até chegar em uma solução que eu não deteste.

Projeto é uma tortura infinita.

Depois, com avaliação do orientador (teve um que chegou a rabiscar coisas no meu desenho), fica mais fácil, pois entro na parte que eu consigo fazer - avaliar, pesar critérios, modificar, melhorar. E mesmo assim, cada vez que isso significa uma reestruturação do desenho, é penoso. Nunca tão penoso quanto o começo, mas ainda assim horrível.

Só consegui levar a FAU porque a maioria dos trabalhos era em grupo, ou ao menos duplas. Com feedback, com outras pessoas para dar pitaco e rabiscar junto, tudo fica infinitamente mais fácil. Ou seja, fica até factível. Mas, como eu disse no sábado, prefiro não projetar. Prefiro usar o que eu sei fazer, e aquilo no qual me considero até boa - coordenar, pegar as idéias boas e organizar, resolver problemas, trabalhar com gente, não com o projeto em si.

Vou dizer que era frustrante ver os outros alunos com desenhos razoáveis em algumas horas, e eu conseguindo definir uma planta que prestava depois de semanas. Muitas vezes pensei em desistir. Só não desisti porque tinha o Alex, as pessoas, e eu ainda acho projeto uma coisa linda. Mas tudo bem - eu sempre soube que arquitetura seria difícil - sempre. Escolhi o curso porque era algo em que eu teria dificuldade - e muitas vezes me arrependi. Fugir do seu talento nem sempre é a melhor idéia, nem para você, nem para o mundo.

Não que eu não tenha me encontrado lá, de certa forma. Mesmo dentro do paisagismo - cujo desenho é uma derivação quase direta do programa - o que facilita muito. Só espero conseguir cantar na minha própria nota. Não busco mais nada. (como se fosse pouco...)

sábado, 10 de abril de 2010

Ser designer

Sabe, arquiteto é um tipo de designer. Ou melhor, arquitetura foi a origem do design, e com o tempo as pessoas descobriram que dá para formar designers sem precisar ensinar toda a carga de coisas que só servem para arquitetura.

É engraçado quando a gente percebe que nossos amigos muitas vezes não sabem para que servimos. Quer dizer, todo mundo já veio me falar que um dia eu vou projetar a casa deles, claro, e obviamente eu concordei. Ou para fazer reformas. Beleza.

Mas o que muitos não sabem é que nós também podemos projetar seu site, seu livro, sua revista, sua embalagem, até mesmo seu software ou sua estrutura empresarial. Fizemos uma faculdade de projeto para isso. Não que eu entenda muito de estrutura empresarial, mas passei anos aprendendo a pensar nas pessoas, nos processos humanos, aprendendo a processar o máximo de informações possíveis para desenvolver idéias, aprendendo a sintetizar conhecimentos para criar projetos, aprendendo a trabalhar em grupo, aprendendo processos de projeto.

Lógico, cada pessoa tem seu jeito de lidar com as coisas. Há arquitetos formados que são excelentes em acompanhar obras, outros que são bons em projetar residências, outros que se especializam em design gráfico, outros que são fotógrafos. Mas teoricamente todos sabem projetar, a mudança do tema só muda a velocidade na qual o projeto anda, e o número de pessoas na equipe (projetar uma residência é relativamente rápido - pois todas as informações estão na nossa cabeça - já projetar um estádio requer estudo e possivelmente consultas a especialistas do esporte, de estruturas metálicas, etc).

Lógico - quanto mais conhecimento acumulado na sua cabeça, mais você amplia a sua gama de prática de projeto.

Particularmente, eu não faço questão de projetar de fato - preferia ser coordenadora de projetos, talvez até arquiteta da informação.

O engraçado de hoje foi - uma amiga precisava de uma opinião alheia sobre uma revista, e, nenhuma de nós tinha notado antes, havia três designers capacitadas para dar opiniões informadas. Duas arquitetas e uma publicitária. Engraçado como ela não tinha pensado que podíamos servir para isso. Acho que nem nós tínhamos, até que ela mostrou a revista para nós e os genes designers vieram à tona.

É legal descobrir que podemos fazer por nossos amigos mais do que eles até pensariam.

Beijos.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Pensamentos

Claro que não vão ser pensamentos dos mais felizes - por mais que eu esteja me esforçando para que a transição seja bela e indolor, não é a coisa mais fácil, e menos ainda por causa da falta de comunicação.

Um pensamento é sobre o Argos. Suas feridas voltaram, e agora minha mãe procura as unhas crescidas, olhos vermelhos, e os outros sintomas de doença. Temos medo não só por ele, mas por nós - o que faremos se ele realmente estiver doente. A recomendação é simples - put him down.

Outro é sobre a Lú. Cortez, essa mesma. Eu nunca imaginei que pudesse gostar tanto dela, num passado longínquo de terceiro colegial. Hoje em dia, seu riso fácil e tranquilidade me trazem um sorriso ao rosto quando a vejo. Ela é alegre e contagiante como flores ao sol do campo, não sei.

Outro é sobre amigos. Lindos amigos que vieram me telefonar, me chamar no gtalk, me dar apoio no facebook. Por mais que eu tenha momentos de profunda solidão, como na terça-feira, eu sei que se quiser tenho a quem recorrer. Mesmo a Polá, nossa, quanto tempo... Foram raios de luz. E sei também que há amigos mais tímidos, que só olham de longe, mas eu sinto... que não importariam de oferecer apoio. Obrigada a todos.

Outro é sobre o Alex. Acho que ele não se sente tão amparado e eu realmente queria muito poder mudar isso para ele. Ele é duro na queda, mas acho que precisa de alguém para conversar - e eu não sirvo mais. Sei que ele tem amigos, mas acho que nenhum dos lados sabe como abrir o caminho.

Outro é sobre chocolate: muito bom. Delícia comer chocolate lendo Nárnia.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

6 anos

Hoje faríamos seis anos de namoro.

6 anos. Meu primo está com 7 anos. É uma vida para ele. 6 anos é mais que o tempo de uma faculdade (exceto a FAU), é quase o tempo de maturação de um eucalipto, é um terço da nossa vida até virarmos gente perante a lei, é a idade em que as crianças passam da tradição oral para a escrita, é o tempo de vida de algumas plantas ornamentais, é o tempo que uma pequena palmeira cica demora para crescer e poder ser vendida, é a vida últil de uma galinha poedeira, é a idade que a Lolita tinha quando morreu.

É menos da metade da vida da Tigrinha (que está com 13 agora), é a idade que eu tinha quando a Giulia nasceu, é vinte anos a menos do que terei em dezembro.

Seis anos é muito tempo, e eu entendo que o Alex tenha achado que precisava parar aqui ou não pararia nunca. O que tivemos não era perfeito, e não lembro se já foi paixão enlouquecida. Era bom, mas como saber se era assim tão bom sem nunca conhecer outro tipo de relacionamento?

Foram seis anos bons. Espero que os próximos seis sejam ainda melhores.

sábado, 3 de abril de 2010

Xplosion

Olha.

Eu acabei de descobrir que talvez eu seja uma pessoa histérica em momentos de perigo.

Não que eu tenha reparado em mim mesma. No momento em que a nossa prosaica pintura de ovos cozidos foi interrompida por um *POC* e um chiado bem alto, olhei para as panelas (de onde pareceu vir o som), respirei fundo e não senti cheiro de gás (portanto era lá fora), e saí correndo. Berrei "PAAAI!!!" em direção ao quarto, e de novo em direção à garagem (não vi que ele estava passando atrás de mim), peguei minha bolsa e havaianas no quarto, passei na sala, vi que a Tigrinha ainda estava deitada no sofá, corri para pegá-la, alcancei todo mundo na porta da frente. Meu pai gritou para achar o telefone da Ultragaz, voltei pro computador, peguei um dos números e saí. Alguém tinha sumido com a chave do portãozinho e todos se sentiram meio estúpidos de estarmos fora da casa num espaço pequeno e sem poder sair pra rua, então fomos para o jardim. O cheiro de gás já estava subindo, eu e minha mão ligando pros bombeiros (deveríamos ligar pra Ultragaz - na próxima já sabemos). Enquanto eu ligava e discutia com uma mocinha que me disse para colocar o bujão em local arejado (imagine eu carregando isso - 3 bujões de 45 litros que já estão em local arejado), não acender a luz (deveria ter dito para não apagar também) e esperar esvaziar, minha mãe tinha colocado meu pai no telefone com outra atendente que o mandou checar o bujão e ver se dava para fechar a válvula. Ele desceu, com a respiração presa, fechou um, subiu, respirou, desceu, fechou outro.

Aparentemente um deles veio com pressão demais e estourou uma mangueira.

Ficamos lá fora, terminando os ovos, por uma meia hora, e a Marina me contou que eu parecia histérica. Ela ficou calma quando viu meu pai indo para o centro da confusão ver o que estava acontecendo. Pois é.

Aparentemente, tenho que aprender a ser uma pessoa controlada em emergências. Bolas. Eu tinha um ideal tão lindo de que eu poderia ajudar os outros ao invés de atrapalhar, e agora já não tenho certeza.

Não sou uma pistoleira - meu pai é. Minha irmã talvez seja também, sei lá. (referência de A Torre Negra)

C'est fini

Puxa, eu tinha tanta coisa para comentar sobre esta semana... Mas desde ontem, só uma importa: c'est fini, Alex et moi.

Depois eu explico. Não me liguem hoje - estarei no sítio.

Beijos inchadinhos de lágrimas.