quarta-feira, 17 de março de 2010

Coisas que se passam

na minha cabeça.

Estou no oitavo ano da FAU. Oito anos. Estou há seis anos com o Alex (ou quase, já que é em abril que fecha o ciclo). O cavalo do sítio está com três anos. A Alice está com quase dois e meio. Me inscrevo no TFG há 2 anos. Eu só pisquei e cheguei aqui.

E o tempo passa tão devagar.

Eu sei que estou com um bloqueio imenso para fazer esse TFG, não consigo nem começá-lo, mas oito anos é demais e eu devia terminar a FAU logo. Chega, né?

Fiquei enrolando uma semana para começar a pesquisa do Trabalho Final de Graduação. Uma semana, e não fiz nada. Li um pouco de Janie Jacobs, mas isso não é diretamente relacionado ao meu tema, de drenagem urbana. Tema que eu escolhi, porque gosto muito. Escolhi por ter a ver com urbanismo, com os alagamentos em São Paulo, com a vida, com infraestrutura verde, arquitetura da paisagem e meio ambiente. Mas nem consegui começar a pesquisa.

Ao invés disso, li livros. E fui ao sítio sábado. Foi lindo, apesar dos pinheiros cortados. Andamos de barco e molhei os pés na represa. Fizemos planos. E o Ziza falou, como quem não quer nada:
- Talita, alguém precisa amansar este cavalo.
Claro que a besta aqui aceitou na hora. E passou os últimos três dias lendo, assistindo vídeos, pesquisando a infra-estrutura necessária, pensando onde construir um redondel no sítio, tentando descobrir os equipamentos utilizados, técnicas alternativas, cursos, e morrendo de vontade de começar no mês que vem.

Gastei bem mais que uma hora por dia pesquisando sobre isso, e nem um minuto pesquisando sobre o tfg.

Claro que pensar que eu, inexperiente do jeito que sou, domando um cavalo, me dá borboletas no estômago (amo esta expressão), e morro de medo de criar vícios no animal. Mas ele será um animal de passeio, não de esporte nem nada, então não tem tanto problema.

Ontem, encontrei a Loschiavo, professora da FAU de quem eu gosto muito, e ela perguntou quais são meus planos para o futuro. Eu pensei por um momento e respondi: terminar o TFG, depois disso, não sei.

Claro que eu não podia mencionar a idéia louca da fazenda, já que todos acham que eu estou viajando, e na verdade, a fazenda é meu plano futuro do futuro, não está concretizada na minha mente.

Pois é, não tenho planos. No que eu quero trabalhar? Sei lá. Um escritório é até legal, e eu gosto de projetar, mas eu queria mais... Eu queria ir pro Haiti. Mas o Haiti não vai me dar grana o suficiente para pensar na fazenda um dia, então tenho que ter um plano para depois do Haiti. Mestrado é um bom plano. Adoro estudar. Outra faculdade: letras, geografia ou pedagogia.

Agora, por que raios não consigo estudar para o tfg, mas consigo passar horas tentando aprender técnicas de doma na raça? Eu só fiz seis meses de aulas de equitação...

Eu ainda não sei se o que aconteceu ao longo da minha vida foi que eu sufoquei os cavalos dentro de mim, e hoje eles tentam escapar, ou se eu me agarro ao meu sonho de criança. Eu provavelmente vou gastar 100 ou 200 reais em CDs e livros sobre doma racional e horsemanship. Feliz.

O Fábio Mariz Gonçalves, meu orientador, comentou que não entendia a pessoa que dizia que amava arquitetura, mas você olhava a estante dela e só tinha livros de paisagismo. Pois é. Eu tenho um livro de arquitetura (Saber ver a arquitetura), um livro de design (Design like you give a damn), um livro de tecnologia (cujo nome eu esqueci), uns dois ou três sobre plantas, permacultura ou paisagem urbana, e umas 100 revistas sobre cavalos.

Estou estudando arquitetura há oito anos. Fiz um semestre de aulas de equitação. Amo urbanismo e a qualidade de salvação do mundo que tem no paisagismo e na arquitetura sustentável, e não acho que eu queira ser profissional do cavalo. Por mais que seja uma delícia, não tem como salvar o mundo lá. :) Mas eu não me importaria de fazer isso em meio período.

Além disso, vou fazer 26 anos no fim de dezembro.

Não quero chegar aos trinta sem ter planos. Só pensar nisso dói. Nisso, admiro muito a Paulinha, que sempre teve planos, sempre soube o que queria e sempre perseguiu seus objetivos, enquanto eu sempre fui perdida, desperdiçando minhas boas notas na escola.

Bom, é isso. Vou ter que pensar muito no assunto.

Ah, e eu tenho um sobrinho. Não dos meus irmãos, mas da prima que foi minha irmã até os 17 ou 18 anos. Ele deve ser lindo. Nasceu em dezembro. E eu não tenho coragem de telefonar.

C'est fini.

2 comentários:

Maya disse...

Quando eu li que você "passou os últimos três dias lendo, assistindo vídeos, pesquisando a infra-estrutura necessária, pensando onde construir um redondel no sítio, tentando descobrir os equipamentos utilizados, técnicas alternativas.." pensei que tinha algo de arquitetura no seu amor por cavalos.
Como é difícil criar esse tipo de equilíbrio, né? Talvez terminar seu tfg e ir adiante trabalhando ou mestrando possam até te mostrar novas possibilidades pra conjugar essas duas atividades. Sei lá. Eu, uma mera bixete, te falando essas coisas. Em outras palavras, quanta audácia da minha parte.xD
Saudades, Talis.

Talita Salles disse...

Hahaha :)

Que audácia que nada, Maya! É sempre bom ouvir idéias, de todas as pessoas. Na verdade, eu ainda estou pensando em falar com meu orientador para mudar o tema do tfg. Não sei.

Saudades back at you. :)